quinta-feira, 6 de março de 2008

Rubi

Aqueles furinhos gêmeos, encontrados ao acaso, num deleite de prazer e alegria. Folia ou euforia ? Quando vi-os retratados em mim, num bocejar, em tempos idos da fantasia, Tratei logo de nomeá-los: Flora, e para completá-lo Fauna. Num vermelho ardente de paixão. Vermelho que não mais possui a atenção de todos os olhares. É substituído, vagarosamente, pelo amarelo, nas zonas de perigo. Amarelo, que juntamente com o azul, perpassam todos os vermelhos, cada qual à sua maneira e intensidade. Assim como a paixão. Impossível determinar seu início e seu fim. Vacilando entre o vermelho-alaranjado e o vermelho-violetado, numa contradição de sentimentos. (ícones, índices ou símbolos?) "Apesar de toda a sua energia e intensidade, o vermelho dá prova de uma imensa e irresistível força, quase consciente do seu objetivo. Nesse ardor, nessa efervescência, transparece uma espécie de maturidade macho, voltada para si mesma, e para a qual o exterior nao existe" (Kandisnki). Aqueles furos ainda me atordoam, num rompante de duplicidade. Só não eram vermelhos porque foram criados na pele. Já se fizeram de vermelho...cor mais íntima ao princípio da vida. Considerado pelos alquimistas como ambivalente: o vermelho noturno, fêmea, de movimento centrípeto, cor da alma, da libido e do coração. E o vermelho diurno, macho, centrífugo, que invade o espaço, assim como a juventude, a saúde a riqueza e o amor. "No oriente, o vermelho evoca o calor, a intensidade, a ação, a paixão, sendo a cor dos rajás e das tendências expansivas. No Japão é o símbolo da sinceridade e da felicidade. (...) o arroz vermelho é usado como voto de êxito e de felicidade em aniversários". (Israel Pedrosa) PARE ... PERIGO ... COMUNISMO ... Sua agressividade me impulsiona, dinamiza, estimula. E aqueles furos que se fizeram de vermelho? Logo ficaram morenos, e foram valorizados pela companhia do vermelho. "Encontramos a pintura do corpo desempenhando entre os indígenas do Brasil função puramente mística, de profilaxia contra os espíritos maus e, em número menor de casos, erótica, de atração ou exibição sexual" (Gilberto Freyre) VIVA A LINGERIE VERMELHA... Cor da guerra, do sangue... encarnado, rubro... Os furos gêmeos seguiram o seu caminho, cada um com sua sina. Não houve derramamento de sangue ou de lágrimas, nem tapetes vermelhos esticados. Apenas caminhos diferentes... Em meu queixo, eles ainda permanecem unidos Numa vermelhidão de símbolos, índices e ícones... Ou serão sentimentos ?

4 comentários:

Neise Neves disse...

Êta Brunão!!!
Que bonito!!
Que lindo!!
Que comovente!!!
Que poético!!
Que instrutivo!!
Que sensorial!!
Que...
BOMM!!

Bruno Cerezoli disse...

Obrigado Neise,

parte da poeticidade aqui presente vem do convívio com vocês...
eu que agradeço.

Walmir disse...

boa reflexão, belo texto.
paz e bom humor, sempre, Bruno.
Walmir
http://walmir.carvalho.zip.net

Walmir disse...

reli.
continuo gostando. Até mais.
paz e bom humor
Walmir
http://walmir.carvalho.zip.net